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Águas de São Pedro, no Estado de São Paulo, Brasil, é uma Estância hidromineral conhecida pelas suas fontes de água com propriedades reabilitadoras. A cidade foi fundada em 1934 por Carlos Mauro e planejada pelo urbanista Jorge de Macedo Vieira com o objetivo de atender pessoas que precisavam de tratamento e turistas à procura de lazer.
Busca pelo petróleo e descoberta das águas
Na década de 1920, Júlio Prestes, então Governador do Estado de São Paulo, havia iniciado as pesquisas na área de prospecção de petróleo. As pesquisas falharam na tentativa de encontrar o produto e os equipamentos foram abandonados, mas apenas jorrando água mineral. Posteriormente outras tentativas foram feitas para encontrar petróleo em grandes profundidades e, novamente, nenhum óleo foi encontrado. Uma estrutura de plataforma de petróleo existe ainda hoje e é chamada de "Torre de Óleo Engenheiro Ângelo Balloni"
Anos mais tarde, em 1934, Ângelo Franzin, donos das terras perfuradas, que é conhecida atualmente como "Fonte da Juventude", construiu um balneário simples, onde se banhava. A água tinha um odor forte. Um ano depois um grupo de pessoas da cidade comprou um lote de 100 mil metros quadrados ao redor da Fonte da Juventude onde construíram um balneário. Era composto de 12 banheiras de alvenaria, ao contrário do primeiro balneário, que era feito de madeira. Naquele mesmo ano, Octávio Moura Andrade resolveu construir a estância dando-lhe o nome de "Caldas de São Pedro", criando juntamente com seu irmão, Antônio Joaquim de Moura Andrade, a empresa "Águas Sulfídricas e Termais de São Pedro S/A".
Durante quatro anos o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) da Universidade de São Paulo (USP), realizou uma série de estudos naquelas águas. Geralmente águas provenientes de grandes profundidades possuem uma alta concentração de substâncias que podem ser nocivas ao ser humano, assim como seu pH pode não ser adequado para o banho. Em 1940 os resultados foram divulgados no Boletim 26 do IPT. As águas foram consideradas adequadas para o banho e suas propriedades medicinais estudadas pelo professor João de Aguiar Pupo, então Diretor da Faculdade de Medicina de São Paulo (USP).
Emancipação política
A Estância de Águas de São Pedro foi fundada a 25 de julho de 1934, por Octávio Moura Andrade, quando da inauguração do Grande Hotel (hoje Grande Hotel São Pedro de propriedade do SENAC). Reconhecendo a importância das fontes termais da região, o Governo do Estado criou, em 19 de junho de 1940, a Estância Hidromineral e Climática de Águas de São Pedro. O município de Águas de São Pedro foi criado pela Lei Estadual nº 233, de 24 de dezembro de 1948, emancipando-se de São Pedro. A instalação oficial ocorreu 2 de abril de 1949, sendo, desde então, composto apenas do Distrito-Sede.
Construção do balneário e planejamento urbano
Para promover o desenvolvimento e a exploração das águas medicinais de forma economicamente viável, o fundador da cidade concebeu e projetou uma cidade voltada para fins hidroterápicos e residenciais: um balneário-cidade. Águas de São Pedro nasceu para ser uma Estância Hidromineral, totalmente planejada e com o objetivo de atender os que necessitavam de tratamento e turistas em busca de diversão e lazer. O urbanista Jorge de Macedo Vieira foi o escolhido para harmonizar a ocupação do espaço ao uso das águas minerais, à topografia, ao solo e ao clima, demorando cerca de dois anos de minucioso estudo da região para então projetar a Estância. Somente em 1940 é que o projeto ficou totalmente pronto, sendo registrado no Cartório de Registro de Imóveis da Comarca de São Pedro, sob o nº 1, já de acordo com as exigências do Decreto Lei 58/39.
A partir deste projeto foram construídas diversas edificações, como construção de um grande hotel de luxo para receber os turistas, além de um cassino, um dos primeiros cassinos no país como atividade regulamentada pelo Poder Público. Também foram realizadas obras de saneamento, sendo contratado o escritório técnico Saturnino de Brito, vindo do Rio de Janeiro, para estudar e dirigir os trabalhos de saneamento de uma área ao redor do Grande Hotel. Houve recuperação das vias de acesso, realizando-se a retificação de 8 Km de estrada que liga São Pedro às fontes, permitindo o tráfego de veículos mais pesados; construção de um aeroporto, o primeiro numa área de 40 alqueires, com quatro pistas, estação de embarque, luz, telefone, água encanada, hangar e posto de abastecimento de combustível; além da melhora dos serviços de energia, que, como a rede de energia de São Pedro estava em condições precárias, foi construída uma linha própria que ligou São Pedro às obras da Estância e, para maior garantia foi construída, no Grande Hotel, uma usina de emergência com dois geradores a diesel com capacidade de suprir o hotel e a cidade que se iniciava.
História recente
Após a inauguração do balneário, o turismo ganhou força em Águas de São Pedro, até se transformar na principal fonte de renda da cidade. Passou a ser um dos integrantes da Região Turística (RT) Serra do Itaqueri. Com um grande movimento de turistas também houve a necessidade de melhorias no setor comercial, como as reformas da Rua do Comércio. O setor industrial também se desenvolveu, também por influência das águas especiais. Foi construído um prédio na zona industrial da cidade destinado ao engarrafamento das águas das fontes Gioconda e Almeida Salles. A água sulfurosa, como não era apropriada para o engarrafamento, serviu para uma tentativa de industrialização na forma de cosméticos e cremes para a pele.
"E assim surgiu das possibilidades naturais latentes, mais um núcleo de cidade futura, daquele gênero que Jean Brunhes chamara de “cidade de vontade”, porque nunca surgiriam sem que alguém as sonhasse e pusesse a seguir toda sua vontade criadora no trabalho de transformar em realidade o seu sonho".
Águas de São Pedro, 27 de fevereiro de 1941 - Embaixador Josué de Castro
(de uma página do “Álbum de Ouro” do Dr. Octavio Moura Andrade)
O município de Águas de São Pedro, localizado na Região Central do Estado, constitui o menor município do Brasil com 3.612 km² de área, projetado para ser uma estância voltada exclusivamente à saúde e ao lazer.
Águas de São Pedro não é fruto do acaso, mas do encontro das águas minerais com Octavio Moura Andrade que se dispôs a criar uma nova cidade para que este elemento de cura fosse colocado à disposição dos homens. Portanto, tudo o que aqui existe é consequência de minucioso planejamento e de sua decisão de realizar.
Acaso apenas no descobrimento de suas águas minerais por volta de 1.920, quando o Governo do Estado de São Paulo procedeu a pesquisas de petróleo no município de São Pedro. Como não logrou seu intento de achar jazidas do “ouro negro”, acabou por abandonar os poços que ficaram jorrando sem que ninguém se ocupasse de seu aproveitamento. A iniciativa privada simbolizada por Ângelo Balloni, também tentou achar petróleo aqui, mas apesar de sua sonda atingir a excepcional profundidade de 1.615 metros, nada foi encontrado. Dessa época, permanece a estrutura da torre como monumento consagrado à tenacidade desse pioneiro.
Em 1934, Ângelo Franzim, em cujas terras se localizava a perfuração que produzia a água hoje conhecida como “Fonte da Juventude”, fez construir um balneário de tábuas, para se banhar naquelas águas “malcheirosas” que os animais procuravam beber. E em 1.935, um grupo de esforçados sãopedrenses (Miguel Carreta, Victório Mazziero, Ernesto Giocondo, Carlos Mauro - fundador do Hotel Avenida e outros) comprou 100.000 m² ao redor dessa fonte e construiu um balneário de alvenaria com 12 banheiras. Foi também nesse ano que Octavio Moura Andrade resolveu implantar a Estância, a que provisoriamente denominou “Caldas de São Pedro”. Para tanto, juntamente com seu irmão e sócio, Antonio Joaquim de Moura Andrade, criam a empresa “Águas Sulfídricas e Termais de São Pedro S.A.”, que passam a dirigir.
A primeira providência foi analisar as águas minerais pelo IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas, da USP. Essas análises, iniciadas em 1936, tiveram seus resultados finais publicadas no Boletim 26 de Outubro de 1.940 daquele Instituto, após quatro anos de repetidas experiências (são as mais completas e abrangentes até hoje realizadas no Brasil).
Mas para pôr esses elementos de cura oferecidos pela Natureza à disposição dos homens não bastava conhecer seus componentes químicos ou fazer alguns quartos de banho. Necessário é a perfeita indicação terapêutica de modo a assegurar além de seu correto uso também e principalmente para quais moléstias as águas teriam eficácia, evitando assim o descrédito pelo uso indevido ou mal orientado. Para tanto, contratou a inestimável colaboração do Prof. Dr. João de Aguiar Pupo, então Diretor da Faculdade de Medicina de São Paulo (USP), que estabeleceu com segurança as doenças a serem tratadas por cada uma das três fontes de águas minerais aqui disponíveis e seus métodos de tratamento.
Comprovado pelos resultados das primeiras análises a qualidade das águas, iniciou a compra das terras necessárias para a implantação da nova Estância, já com sua denominação definitiva, ÁGUAS DE SÃO PEDRO. Assim, 1.600 hectares foram adquiridos para se ter liberdade de construir uma nova cidade nas proximidades do local da fonte hoje conhecida por “Juventude” e distante 8 kms da já existente São Pedro.
O projeto de urbanização foi por Octavio Moura Andrade confiado ao reputado Eng. Jorge de Macedo Vieira, que criou o melhor exemplo de uma “cidade-jardim” do Brasil, com amplos parques, muita área verde, ruas largas e suaves, sem grandes aclives, criando enfim um moderno projeto perfeitamente adequado à realidade topográfica do local escolhido para a implantação da nova Estância. Complementarmente também contratado o celebrado “Escritório Técnico Saturnino de Brito”, da então Capital Federal, que planeja toda a infra-estrutura sanitária, compreendendo o saneamento de grotas, lagoas e brejos de águas paradas – focos de mosquitos transmissores de doenças como a malária, dengue e outras – a rede de esgoto, a implantação do canal central, e o modelar serviço de abastecimento de água potável desde sua represa de captação e armazenamento, estação elevatória, linhas de adução, estação de tratamento, reservatório e linhas de distribuição e que ainda hoje, continua a atender à Estância.
Esse planejamento destacou a maioria das quadras como residenciais, poucas como comerciais e uma única área industrial – onde se localizava o engarrafamento das águas Gioconda e Almeida Salles, e a industrialização de refrigerantes produzidos com essas águas: a Laranjada de São Pedro, o Guaraná São Pedro, a Brasicola, a Água Tônica e a Soda Limonada, hoje prédio do “Shopping Center” – além das áreas destinadas a parques e florestas, que correspondem a mais de 60% da área loteada. Como na época ainda não existia legislação prevendo obras, o Dr. Octavio Moura Andrade instituiu através de servidões que gravam os lotes, as características das edificações a serem feitas na nova Estância, tais como recuos e outras posturas, que serviram de base para a legislação criada a posteriori.
O município de Águas de São Pedro foi criado em 1948, por proposta do então deputado estadual, depois Senador e Embaixador Auro Soares de Moura Andrade, filho de Antonio Joaquim de Moura Andrade.
Portanto, Águas de São Pedro nasceu já com suas características definidas e salubridade garantida por um projeto que assegurou a seus futuros moradores a melhor qualidade de vida disponível pela tecnologia da época e que continua atual.
Para que se tenha idéia da grandiosidade de seu planejamento, somente o parque florestal ao redor do Grande Hotel, hoje denominado “Parque Dr. Octavio Moura Andrade”, com quase um milhão de metros quadrados, foi inteiramente reflorestado com o plantio de milhares de árvores de essências, como pau-brasil, ipês, palmeiras, sibipirunas, flamboyants, acássias, tipuanas, etc., além de eucaliptos. Aliás, para criar um micro-clima mais saudável, uma vez que a região era formada por antigas fazendas de café abandonadas em conseqüência da crise de 1929 e do depauperamento do solo coberto na época apenas por capim “barba de bode”, foram plantados em parte do parque e em outras áreas da projetada estância 1.200.000 pés de eucaliptos que com suas emanações propiciavam um ar mais puro aos hóspedes.
Antonio Falcão de Moura Andrade.
- Autonomia Político-Administrativa: Lei nº 233, de 24/12/1948 (Criação do Município)
- Emancipação Político-Administrativa: 02/04/1949 (Instalação da Prefeitura e 1ª Câmara)
- Instalação do 1º Distrito de Paz em 01/01/1949
- Estância Turística em: 11/11/1977, pela Lei nº 1.457
- Estância Hidromineral em: 08/05/1986, pela Lei nº 5.091
- Área de Proteção Ambiental (APA) em sua totalidade, Lei nº 738 de 12/10/1989
Foto ilustra a instalação em 13 de março de 1949, dando início aos trabalhos da Câmara dos Vereadores de Águas de São Pedro em sua primeira gestão - após a emancipação do município em 1948. O Vereador Dr. Antônio Francisco Felizola (à direita da foto) foi eleito com 05 (cinco) votos.
A foto registra a visita do Dr. Adhemar de Barros após a emancipação do município de Águas de São Pedro/SP